As tubulações responsáveis pelo envio de Gás Natural das fontes produtoras até os consumidores recebem o nome de gasoduto.
Um gasoduto é uma rede de tubos que leva gás de uma região produtora, como a Bolívia, para uma região consumidora, como o Brasil.
O gás é transportado pelos tubos com a ajuda da diferença de pressão: em um ponto, chamado estação de compressão, a pressão no duto é elevada e “empurra” o fluido para o ponto de menor pressão.
No gasoduto entre a Bolívia e o Brasil, o gás percorre mais de 3 mil quilômetros (557 quilômetros no país vizinho e 2 593 quilômetros por aqui) enterrada a 1, 2 metro de profundidade, transportando até 30 milhões de m³ de gás natural por dia. O mapa abaixo mostra o trajeto do Gasbol - Gasoduto Bolívia Brasil, que transporta o gás da Bolívia até o sul do Brasil (Clique aqui para baixar o mapa em alta resolução).
Tudo começa com a extração do gás na Bolívia. Lá, ele é retirado do solo, que é perfurado por sondas. Como o gás está sob pressão embaixo da terra, ele sai naturalmente quando encontra uma brecha. Antes de entrar no gasoduto, o gás natural, constituído principalmente de metano, é purificado.
Antes de iniciar viagem, o Gás Natural ainda tem que ser comprimido para uma pressão entre 80 e 100 kgf/cm² , 80 a 100 vezes maior que a da atmosfera ao nível do mar. Ao longo do gasoduto, estações de compressão ajudam a recuperar a pressão perdida pelo caminho.
Não dá para tirar o gás em qualquer ponto do gasoduto. Mas a tubulação passa por 36 cidades onde há estações de entrega. Nessas saídas para o produto, o gás tem a pressão diminuída para cerca de 35 kgf/cm² (por razões de segurança) e é retirado por companhias distribuidoras locais. A foto abaixo mostra uma das estações de entrega de Santa Catarina.
Outro tipo de estação é a de medição. Existem várias espalhadas pelo trajeto. Uma estação de medição é simples: ela possui equipamentos para monitorar o volume e a velocidade do gás. Funciona como um posto de controle.
O gasoduto também tem mecanismos de segurança. Há 115 válvulas de bloqueio, posicionadas com intervalo de 30 quilômetros entre uma e outra. Elas fecham a passagem do gás quando há sinal de vazamento na área. Há válvulas de bloqueio também nas estações de compressão.
A manutenção é feita por via terrestre, aérea e até aquática, onde mergulhadores checam trechos em que a tubulação cruza rios. Entre outras coisas, os técnicos conferem a preservação da “faixa de servidão”, um trecho de 20 metros de largura que acompanha todo o gasoduto. Nessa faixa, é proibido construir e plantar.
Nas cidades onde são consumidos diariamente milhões de m³ de Gás Natural, o produto não é armazenado em botijões, como acontece com o gás do tipo GLP. Ele sai diretamente do gasoduto para os dutos das distribuidoras locais, que alimentam postos de combustível, residências e indústrias.
O gasoduto segue para o sul do Brasil até Canoas (RS), onde finalmente termina após 3.150 quilômetros. A tubulação que transporta o gás é de aço-carbono, um dos mais resistentes. O diâmetro dos canos varia entre 16 e 32 polegadas (de 40,6 a 81,2 cm), dependendo do trecho.
Depois de tratado e processado, o Gás Natural pode ser utilizado nas indústrias, residências, automóveis e comércio. Nas indústrias, sua utilização ocorre, principalmente, para a geração de eletricidade. Nas residências, o Gás Natural é usado para o aquecimento ambiental e de água. Nos automóveis, essa fonte energética substitui os combustíveis (gasolina, álcool e diesel). No comércio, sua utilização se dá principalmente para o aquecimento do ambiente.
Atualmente a utilização do Gás Natural corresponde a 15,6% do consumo energético mundial.
No Brasil, com a descoberta da camada pré-sal - que consiste em um óleo em camadas profundas, de 5 a 7 mil metros abaixo do nível do mar - estimativas apontam que o país irá dobrar seu volume de Gás Natural.